(Foto: Vitória 87 FM)
Discussão começou após a mãe contar à profissional de saúde que a filha, de 3 anos, vomita com remédios via oral. A criança deixou o Pronto-socorro Doutor Taminato Tion, em Itariri, no interior de São Paulo, sem receber atendimento médico.
Uma médica de 63 anos foi para cima da mãe de uma paciente em um pronto-socorro de Itariri, no interior de São Paulo. Ao g1, Aldeis Mikie, de 31 anos, contou que a filha, de 3, estava com febre e tosse e, por vomitar sempre que toma remédios, decidiu levá-la ao hospital. Assim que explicou à profissional de saúde que a menina vomitava com medicamentos via oral, as agressões verbais e ameaças começaram. A menina deixou a unidade sem ser atendida.As imagens obtidas pelo g1, nesta quinta-feira (13), mostram a médica apontando o dedo para Aldeis, que gravou a situação no PS Doutor Taminato Tion. Em determinado momento é possível escutar: 'Garota, vontade de dar um murro na sua cara', enquanto uma mulher, que não foi identificada, tenta acalmar os ânimos.
A reportagem buscou contato com a médica, que não foi localizada até a publicação da matéria. Em depoimento à polícia, porém, disse que ao saber pela mãe da paciente, na madrugada de quarta-feira (12), que a menina vomitava ao tomar medicamentos, a orientou tentar novamente, momento em que teria sido ofendida com a frase: 'Vai tomar no meio do seu c*'.
A mulher relatou que a médica, de forma agressiva, disse que outra mãe tinha comparecido ao PS pelo mesmo motivo. Diante da reação inesperada, Aldeis começou a gravar a situação.
Consta no Boletim de Ocorrência que as duas começaram a discutir no consultório e terminaram o bate-boca no corredor da unidade de saúde, quando a médica teria pegado o celular da mãe, que só foi recuperar o aparelho duas horas depois, com a intervenção da Polícia Militar (PM).
A mãe contou que a médica teria apagado os vídeos, mas conseguiu recuperá-los. Ela ressaltou que a filha não recebeu atendimento médico e está traumatizada, pois estava no colo durante a discussão.
"Me senti humilhada, um lixo. A gente precisa do serviço, saí de madrugada para ir lá para ser atendida e saí chorando. O pior de tudo é o trauma que ela causou na minha filha, que não está comendo, dormindo direito, só chora, só quer ficar no colo. Não quer colo de mais ninguém, só quer ficar no meu, como se ela tivesse com medo de alguém fazer alguma coisa para mim", disse a mãe.
Tanto a médica quanto a mãe registraram um BO na Delegacia de Polícia de Itariri. O g1 entrou em contato com a prefeitura da cidade, Polícia Militar (PM) e com o Conselho Federal de Medicina (CFM), mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Posicionamentos
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) confirmou que o caso foi registrado como desacato, calúnia, difamação e ameaça na Delegacia de Itariri, que investiga a situação.
De acordo com a pasta, uma mulher de 31 anos e uma médica discutiram após a paciente solicitar medicação para a filha menor de idade. Na ocasião, um homem de 31 anos, invadiu o local aparentando estar alterado. Os envolvidos foram encaminhados à delegacia, onde prestaram depoimento.
Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) informa que, até o momento, não foi notificado oficialmente sobre o caso. Denúncias podem ser feitas pessoalmente ou por Correios, na sede ou delegacias regionais do Conselho.
Após o recebimento da denúncia, o Conselho iniciará o processo para apuração do caso mencionado.Por Gyovanna Soares, g1 Santos