(Foto: Vitória 87 FM)
Mãe e companheira suspeitas de espancar filhos alegaram que parte íntima de menino estava ferida por ele ter sido picado por abelha, diz conselheira
Menino de 2 anos teve lesões nas partes íntimas e a irmã, de 5 anos, fraturas no cotovelo; mulheres seguem presas. Crianças relataram que apanhavam todos os dias e ficavam de castigo, segundo conselheira.
Uma mãe, de 25 anos, e a companheira dela, de 39, que foram presas suspeitas de espancar os filhos de 2 e 5 anos, alegaram ao Conselho Tutelar que as partes íntimas do menino mais novo estavam feridas por ele ter sido picado por abelhas, em Anápolis, a 55km de Goiânia. As crianças relataram ao conselho que eram agredidas e até “pisadas” pelas mulheres, que, segundo a Polícia Civil, continuam continuam presas.
“Elas alegaram que a parte íntima do menino estava inchada por ele ter sido picado por abelhas. Mas, na foto que recebemos, dava para ver que as lesões não eram compatíveis. Sobre a filha de 5 anos, que tinha lesões no cotovelo, elas alegaram que foi quando ela quebrou um braço”, disse a conselheira Gazielle Araújo Ramos.
Até a última atualização desta reportagem, o g1 não havia obtido contato com as defesas das suspeitas para que se posicionem.
As prisões delas aconteceram na sexta-feira (3). Segundo o conselho, o menino de 2 anos teve lesões nas partes íntimas e a irmã, de 5 anos, fraturas no cotovelo, que vai deixar sequelas, e na cabeça. O Conselho Tutelar contou ainda que os meninos estavam com muita fome quando foram resgatados.
A conselheira tutelar Grazielle Araújo Ramos contou que recebeu a denúncia na noite de quarta-feira (1º), com uma foto do menino de 2 anos. Na ocasião, o Conselho Tutelar foi até a casa da família, viu a situação da criança e levou o garoto até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
“Falei que iriamos levá-lo na UPA para ver se era ferimento por a abelha mesmo. O menino falava pouquinho, pedia colo o tempo inteiro, a única hora que ele chorou foi quando foi a médica apalpou o abdômen dele durante exame no IML”, disse.
No dia seguinte, após a vizinhança perceber a movimentação que estava ocorrendo na residência, o Conselho Tutelar recebeu outras denúncias de que uma irmã do menino, de 5 anos, também era agredida. Ainda conforme os denunciantes, a companheira da mulher tem um filho, de 12 anos, que não apresentava ferimentos.
“Segundo as denúncias, o filho da outra mulher, um menino de 12 anos, não era agredido por elas”, disse a conselheira.O Conselho Tutelar disse que a informação que as crianças contaram é que elas apanhavam todos os dias e até quando pediam comida. Os dois irmãos ficavam de castigo, sem roupa e sem comer, segundo a conselheira.
“O menino de 2 anos estava com muita fome. Ele pedia comida o tempo inteiro, dizendo ‘quero pão’. Demos pães de queijo para ele e, depois, ele comeu um pão grande inteiro sozinho”, contou.
As duas crianças estão sendo cuidadas por um tio. O conselho contou que o pai solicitou a guarda dos filhos ao saber das agressões.
A delegada Isabella Joy, que está respondendo pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Anápolis, informou que as mulheres passaram por audiência de custódia nesta segunda-feira (6) e a Justiça tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva. A investigadora contou que, durante as prisões em flagrante, elas ficaram em silêncio.
“Estamos investigando possíveis testemunhas do fato e se existem possíveis vítimas”, disse a delegada.
A Polícia Civil disse que, a princípio, as detidas são investigadas por maus-tratos ou tortura e lesão corporal.
Prisões
De acordo com o boletim de ocorrência, após as crianças serem levadas para uma UPA da cidade, a mãe teria ido até a unidade de saúde para ver os filhos e, quando viu a Polícia Militar, teria tentado fugir. No entanto, ela não conseguiu e foi presa.
A companheira dela foi localizada com a irmã do menino e também foi presa. Como as crianças estavam com as partes íntimas inchadas e com hematomas, as mulheres foram detidas em flagrante.Por Danielle Oliveira, g1 Goiás