(Foto: Vitória 87 FM)
Média do rendimento líquido de Carla Fleury de Souza foi de R$ 44.292 em 2022; durante sessão do Conselho do MP-GO, ela disse que só gasta com 'brincos, pulseiras e sapatos'
Remunerada com salário de R$ 37.589,96 por ser membro da 39° Procuradoria de Justiça de Goiás, Carla Fleury de Souza chegou a receber R$ 92 mil brutos e R$ 72 mil líquidos em dezembro, ao somar auxílios e verbas indenizatórias do cargo. Em 2022, ela teve rendimento médio líquido de R$ 44.292 ao mês, de acordo com levantamento do GLOBO feito a partir de dados do Portal da Transparência do MP goiano. Esta semana, um vídeo da procuradora em que ela critica a situação salarial dos membros do MP viralizou nas redes sociais.
— Graças a Deus meu marido é independente. Eu não mantenho minha casa. O meu dinheiro é só para fazer minhas vaidades. Graças a Deus. Só para os meus brincos, minhas pulseiras, meus sapatos. — disse ela, durante reunião do Conselho do MP goiano, na segunda-feira.
Dados do Portal da Transparência mostram que a procuradora teve rendimento líquido de R$ 72.228,99 em dezembro. Isso porque, além da remuneração do cargo efetivo, recebeu o terço constitucional das férias (R$ 21.277,33), mais um terço de abono permanência (R$ 5.053,36) e outras verbas indenizatórias que não foram especificadas, no valor de R$ 30.223,46.
Todos os meses, ela tem direito a R$ 1.210,00 de auxílio alimentação e também a um auxílio saúde — em dezembro, ganhou R$ 4.704,11 por isso.
Considerando os adendos ao salário, Carla somou rendimento bruto de R$ 92.016,37 em dezembro. Não houve retenção por teto constitucional. No entanto, com contribuição previdenciária de R$ 5.053,36 e recolhimento de Imposto de Renda de R$ 14.734,02, o vencimento líquido de dezembro ficou em R$ 72.228,99.
Os dados mais recentes do Portal da Transparência mostram que a procuradora teve rendimento líquido de R$ 39.518,87 em abril deste ano. Além do salário, ela recebeu outros R$ 11 mil reais em auxílios para alimentação e saúde e outras verbas indenizatórias.
'Dó dos colegas' em início de carreira
Durante a reunião do Conselho do MP, Carla afirmou ter "dó" dos colegas em início de carreira e criticou a falta de um reajuste considerado adequado, tema que já havia sido levantado no encontro.
Segundo ela, os ganhos dos profissionais em início de carreira não estariam acompanhando a inflação. No último edital de 2021 para a carreira, foram ofertadas 39 vagas para o cargo de promotor, com salário de R$ 28 mil.
— Mas uma coisa eu falo. Eu tenho dó dos promotores que estão iniciando aqui a carreira. Porque os promotores que têm filhos na escola, que tem que pagar a escola. Porque hoje o custo de vida é muito caro — diz a promotora, antes de concluir — Desculpe se eu me exaltei. Não sou nenhuma oradora, mas eu falei de coração. E quem fala de coração, fala a verdade.
Em nota, o Ministério Público de Goiás disse que se trata "de declaração de cunho pessoal, que não representa o pensamento da instituição".Por Júlia Cople — Rio de Janeiro