A especialista em segurança e medicina do trabalho Itamony Padilha disse que o ideal é que a área tivesse sido totalmente interditada para que não houvesse circulação de pessoas nem nas proximidades da obra. No caso de uma reforma em andamento, com o parque em funcionamento, os cuidados precisariam ser redobrados.
"Esse brinquedo em que ocorreu o acidente deveria ter um monitoramento maior, se o parque tinha um fluxo de visitantes. Deveria ter um vigia na portaria do brinquedo e só passasse trabalhadores. A criança viu uma rede de proteção e uma fita. Ela viu um plástico, não tem o discernimento ainda de que nós temos de uma proteção coletiva", ressaltou Padilha.
Os pais do menino Davi Lucas reclamam da falta de informação e do apoio prestado pelo clube após o acidente.
“O clube deu um motorista para conduzir meu carro até o retorno para minha cidade e a funerária e o caixão para o meu filho. Só. Não me ligaram mais, não entraram em contato comigo”, disse o pai de Davi, Luciano Márcio de Miranda.
Davi Lucas de Miranda morreu ao cair de toboágua em manutenção em Caldas Novas — Foto: Reprodução/Redes sociais
Eles contam que não receberam nenhum apoio psicológico por parte do Grupo DiRoma, responsável pelo parque aquático.
“São 12 horas de viagem praticamente, nós viemos com nosso próprio carro, sem nenhum suporte. Eu perdi meu filho, eu queria eu ter morrido no lugar. Eles largaram a gente, eu fiquei sem chão”, disse a mãe da criança, Jaqueline Mesquita Rosa de Miranda.
O brinquedo estava fechado para manutenção. O clube DiRoma, dono do parque aquático, disse que a área estava isolada por tapumes. Porém, fotos da perícia mostram que havia uma abertura entre os painéis, o que possibilitava a passagem de pessoas.
A perícia também observou que a escada que dava acesso ao toboágua era de frente a uma área aberta e movimentada. Além disso, não havia nenhuma barreira fechando os degraus.
O menino subiu pelas escadas até o topo do brinquedo, onde fica a plataforma de início do toboágua. Neste local ficam as entradas para os escorregadores: um vermelho, um branco e um azul. Apenas um deles estava com a estrutura de plástico montada.
Perícia verificou que só um dos quatro canos do toboágua estava lacrado — Foto: Reprodução/Polícia Técnico-Científica
A perita Kathia Mendes Magalhães acredita que a criança tentou escorregar pelo tubo azul, que estava somente com o início da estrutura montada. Após entrar no escorregador e começar a descer, o menino se deparou com a falta do plástico e caiu em queda livre até o chão.
Antes de se chocar contra o chão, Davi Lucas bateu o corpo na estrutura de ferro do brinquedo aquático, o que deixou marcas, segundo a perícia.g1