Já em casa, ele lembra que dividiu celas com 18 e até 30 outras pessoas e contou que, infelizmente, ainda está com memorias frescas dos momentos de tensão e medo que viveu nas últimas duas semanas.
"A gente não consegue dormir direito, passei momentos difíceis la dentro, toda hora a gente fica alerta, fica acordando", recordou.
Além de ter que lidar com a prisão indevida, o mecânico ainda precisa passar por uma audiência, marcada para 8 de março, que comprove a inocência dele.
"Choque muito grande de eles saberem que eu não era a pessoa que eles estavam procurando e mesmo assim me manter preso, achei uma injustiça muito grande. […] Ja está na cara que não sou eu, ainda ter que passar por isso [audiência marcada] é horrível", desabafou.
As investigações apontaram que Rômulo Sobral, ao ser preso no Maranhão, apresentou o documento de André, mas com a foto de outra pessoa. Segundo a polícia, o suspeito acabou fugindo da cadeia e um mandado de prisão foi expedido pela Justiça maranhense com os dados pessoais do mecânico goiano.
Quando policiais abordaram André na oficina em que ele trabalha, o nome dele apareceu como sendo de um procurado pela Justiça do Maranhão e cumpriram o mandado de prisão. No entanto, como o criminoso Rômulo havia usado os documentos de André ao ser preso anteriormente, o mecânico foi detido por engano.
O próprio pai de Rômulo viu o caso e alertou que o preso não era o filho dele, que fora morto no dia 28 de janeiro de 2016.
O pedido de soltura para André foi feito pela defesa, que apontou diferenças entre o mecânico e o criminoso. Na tese, o advogado informou que no inquérito a foto que consta no documento de identidade é de outra pessoa e as características são diferentes.
“A acusação de tráfico de droga não tem cabimento, porque ele nunca esteve na cidade de São Luís do Maranhão. Ele foi preso por engano, com certeza, por uma falha da autoridade policial que não observou a veracidade dos documentos da pessoa presa”, disse o defensor.
A Polícia Civil de Goiás informou que não tem nenhum registro criminal contra André no estado.
A esposa do mecânico, Lúcia Aparecida Leite desabafou sobre a prisão do marido, com quem mora há 10 anos.
“Achei uma injustiça muito grande. Eu saí para trabalhar e 9 horas ele me ligou dizendo que estava sendo preso e era para arrumar um advogado para ele. Eu fiquei desesperada, comecei a chorar, não sabia o que fazer, porque a gente sempre trabalhou certinho”, lamenta Lúcia.
Ela contou ainda que eles nunca passaram muito tempo afastados, que a filha deles não estava dormido direito e perguntava muito pelo pai, sentindo a falta dele.